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Alta nas vendas no varejo no Brasil dá fôlego para a atividade

Equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, aponta os fatos mais importantes dos últimos dias

Atualizado em

Confira as principais notícias da semana (11/4-14/4), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.

Internacional

Estados Unidos: inflação sem trégua

A inflação segue elevada e acelerou em março. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 1,2% em relação ao mês anterior. Entre os itens que mais contribuíram para o aumento dos preços, a gasolina foi o principal, subindo 18,3% e representando mais da metade do aumento no índice. Em 12 meses, o CPI acumula alta de 8,5%. O núcleo do CPI (exclui alimentos e energia) registrou aumento de 0,3% no mês e 6,5% em 12 meses. Houve crescimento generalizado de preços, reforçando o diagnóstico de que a inflação pode ser mais persistente do que o esperado. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) aumentou em 1,4% e nos últimos 12 meses acumula alta de 11,2%, maior crescimento desde o início da série em 2010.

O índice de otimismo das pequenas empresas, medido pela Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB, na sigla em inglês), diminuiu 2,5 pontos para 93,2 em março, permanecendo abaixo do nível pré-pandemia. As pequenas empresas continuam sinalizando dificuldades na contratação de trabalhadores, pressões de preços e salários.

A atividade seguiu forte em março. As vendas no varejo subiram 0,5%, pouco abaixo do esperado, mas houve forte revisão no mês anterior. Vendas permanecem acima da tendência pré-pandemia.

O mercado de trabalho continua apertado. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego, divulgados pelo Departamento do Trabalho, seguem em níveis muito baixos, em 185 mil na semana encerrada em 9 de abril, 18 mil acima do mínimo alcançado semana passada.

Os números de novos casos de covid-19 e de hospitalizações continuam baixos no país.

Europa: sem acordo de paz, conflito pode se intensificar

O conflito entre Rússia e Ucrânia entra na oitava semana. As tropas russas estão se reposicionando no leste da Ucrânia, na região de Donbass, e no sul do país com objetivo de tomar o controle e formar um corredor até a Crimeia. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que negociações chegaram a um limite e, sem acordo de paz, as operações militares continuarão. Enquanto isso, os Estados Unidos aprovaram mais um pacote de ajuda militar à Ucrânia. Por enquanto, nenhuma sanção da União Europeia quanto a petróleo ou gás foi anunciada. 

Os preços das commodities seguem com alta volatilidade. Entre os dias 8 e 13 de abril, o petróleo (Brent) e o gás natural voltaram a subir. O petróleo teve aumento de 5,8%, depois de recuo na semana anterior, quando países membros da Agência Internacional de Energia se juntaram aos Estados Unidos e anunciaram liberação de reservas estratégicas. O gás natural teve aumento moderado de 1,4%.

O Banco Central Europeu (BCE), conforme esperado, anunciou o fim do programa de compra de ativos (APP, na sigla em inglês) para o 3T22. As taxas de juros permaneceram inalteradas, mas o comunicado do banco reafirmou que ajustes devem ocorrer algum tempo depois do fim do APP e serão graduais.

No Reino Unido, os dados de atividade vieram mais fracos que o esperado. O PIB mensal subiu 0,1% em fevereiro frente ao mês anterior. Houve contração da produção industrial (-0,6%) e construção (-0,1%), mas leve aumento em serviços (0,2%), que continua 5,2% abaixo do nível pré-pandemia. Já o mercado de trabalho está bem aquecido. A taxa de desemprego diminuiu para 3,8% na média de 3 meses até fevereiro e o ganho médio por hora trabalhada acelerou, reforçando a dificuldade das empresas em contratar. O número de vagas em aberto alcançou recorde em março.

China: covid-19 avança, lockdowns afetam produção

O número de novos casos de covid-19 tem aumentado e permanece na faixa dos milhares há quase cinco semanas, segundo dados da Comissão Nacional de Saúde. A cidade de Xangai, de 25 milhões de habitantes, continua em lockdown, com alguma flexibilidade sendo aplicada em áreas onde o vírus não foi detectado nas últimas semanas. O porto de Xangai está operando com atrasos e filas o que pode impactar a cadeia global de suprimentos. O governo chinês iniciou um programa piloto para reduzir o tempo de quarentena em 8 cidades, inclusive Xangai, em uma tentativa de otimizar restrições associadas ao vírus.

O primeiro-ministro Li Keqiang mostrou preocupação quanto ao impacto de lockdowns sobre a atividade e pediu que autoridades adotem medidas de apoio ao consumo e produção. Indústrias mais afetadas pelas medidas restritivas associadas à covid-19 e pequenas e médias empresas devem ser ajudadas. O primeiro-ministro sinalizou um corte no compulsório bancário e uma redução nas taxas de juros, o que normalmente é seguido alguns dias depois pelo banco central.

A inflação subiu no mês de março, puxada pelo preço de energia. O índice de preço ao consumidor acelerou 1,5% em março frente ao mesmo mês do ano anterior. Houve menor queda no preço de alimentos (-1,5%), enquanto o núcleo subiu 1,1%. A inflação ao produtor desacelerou para 8,3%, mas segue elevada refletindo aumento no preço de commodities, tais como petróleo e metais.

O crescimento do estoque de crédito agregado foi de 10,6% em março comparado ao mesmo mês do ano anterior, depois de desaceleração em fevereiro. O fluxo de crédito agregado aumentou para RMB 4,65 trilhões, ficando acima do esperado e maior do que em fevereiro. Houve forte aumento dos empréstimos bancários, principalmente de médio e longo prazo, às empresas e famílias, e sólidas emissões de títulos públicos e privados, sinalizando investimentos à frente.

A balança comercial registrou superávit maior que o esperado em março de US$ 47,4 bilhões. As exportações cresceram 14,7% comparadas ao mesmo mês do ano anterior, enquanto as importações contraíram 0,1%, possivelmente refletindo impacto de medidas restritivas relacionadas à covid-19 sobre consumo e investimentos.

Brasil

Atividade: serviços e varejo corroboram nosso cenário de PIB em 1,5%

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de fevereiro mostrou queda de 0,2% no volume de serviços na comparação mensal. O dado veio abaixo das expectativas do mercado e da nossa projeção. O segmento de serviços prestados às famílias – o mais afetado pelas restrições de mobilidade – veio abaixo do que esperávamos e ficou praticamente estagnado, com alta de 0,1% na comparação mensal.

Nesta semana, foi divulgada também a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). As vendas no comércio varejista ampliado – que incluem veículos e construção civil – registraram alta de 2,0% em fevereiro na comparação com o mês anterior e surpreenderam positivamente. Na composição, a alta foi disseminada, com expansão nas principais atividades.

À frente, vendas no varejo e serviços devem seguir com desempenho fraco até o final do ano, influenciadas pela desaceleração da economia e inflação elevada (que reduz a renda real). De qualquer modo, os indicadores de atividade vêm sugerindo um crescimento mais forte que o antecipado. Os dados divulgados essa semana reforçam nossa projeção de crescimento de 1,5% para o PIB de 2022.

Política Monetária: BCB sinaliza chance de Selic ir além de 12,75%

Roberto Campos Neto afirmou, em evento, que houve surpresa na divulgação do IPCA de março e que o comitê está analisando se isso altera a tendência para a inflação. Nas comunicações anteriores, o BCB havia ponderado que a taxa de juros atual da economia já seria contracionista, deixando claro que gostaria de observar os efeitos defasados desse aperto monetário na economia. Nesse sentido, a sinalização era que o mais provável seria que o BCB elevasse a taxa de juros em 100 pontos base na reunião de maio e finalizasse o ciclo de alta de juros. No entanto, na comunicação desta semana, o presidente do BCB não repetiu essa mensagem. Isso significa, na nossa visão, que o Copom pode optar por fazer uma última alta de juros na reunião de junho.

A partir da reunião de agosto, o horizonte relevante do BC deve passar a incorporar o ano de 2024. As projeções do Banco Central para este ano estão abaixo da meta de inflação e, portanto, não justificariam novas elevações de juros.

Em suma, acreditamos que o BCB irá optar por uma última alta adicional de 100 pontos-base na reunião de maio, elevando a taxa Selic ao nível de 12,75% ao final do ciclo de aperto monetário, mas reconhecemos que a chance de uma alta terminal na reunião de junho aumentou.

Nota: O Banco Central não divulgou essa semana a pesquisa do Boletim Focus devido à greve dos servidores.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

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