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Ata do Copom: nossa visão

Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank

Atualizado em

Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank, liderada pelo economista-chefe Felipe Salles, sobre a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central divulgada nesta terça-feira (21).

Copom sinaliza Selic elevada por período prolongado

O Banco Central divulgou nesta terça (21) a ata das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) dos dias 14 e 15 de junho, apresentando mais detalhes sobre os rumos da política monetária.

As projeções de inflação do BCB no cenário de referência subiram de 7,3% para 8,8% para 2022 e de 3,4% para 4% para 2023. Para 2024, o modelo indica inflação de 2,7%. Este cenário supõe a trajetória de juros prevista na Pesquisa Focus, que se eleva até 13,25% ao final de 2022 e reduz-se para 10% ao final de 2023.

O texto da ata trouxe uma novidade importante. O comitê esclareceu que a estratégia de convergência para o redor da meta no horizonte relevante exige a “manutenção da taxa de juros em território significativamente contracionista por um período mais prolongado que o utilizado no cenário de referência”, sinalizando que a Selic deve permanecer alta por período prolongado.

Entretanto, o Copom reconheceu que, dada a persistência dos choques recentes, “somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo não asseguraria, neste momento, a convergência da inflação para o redor da meta no horizonte relevante”. Portanto, o comitê optou por sinalizar um novo ajuste de igual (50 pontos-base) ou menor magnitude para a próxima reunião.

A questão que se coloca é: quantas altas adicionais da Selic são necessárias para que o objetivo de trazer a inflação para o redor da meta seja cumprido? Na nossa visão, existe uma incerteza em relação a este ponto por alguns motivos. Primeiro, o comitê não detalhou o que “para o redor da meta” significa. Segundo, o Copom sinalizou que suas projeções para 2023 devem subir acima dos atuais 4% com a incorporação no cenário do impacto das medidas tributárias em tramitação (sobre preços de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações), mas não indicou o quanto. Terceiro, não foram divulgadas as projeções do modelo do BCB no cenário com a taxa Selic estável, que, segundo nossa visão, estaria mais próximo da estratégia indicada pelo BCB do que o cenário que utiliza as projeções de juros da Pesquisa Focus. Por fim, acreditamos que as expectativas de inflação de 2023 devem voltar a subir ao longo das próximas semanas, dado que projetamos, por ora, IPCA em 5,2% (com viés de alta), acima das projeções de 4,7% da Pesquisa Focus, o que pode requerer resposta adicional de política monetária.

Vale lembrar que, nas duas próximas reuniões (agosto e setembro), o BCB deve estender seu horizonte relevante de política monetária, passando a olhar também para o ano de 2024, ainda que com peso menor do que o ano de 2023. De qualquer forma, o ano de 2023 seguirá sendo o foco principal da política monetária. Nas duas reuniões subsequentes (outubro e dezembro), a probabilidade de elevações adicionais de juros diminui, dado que os anos de 2023 e 2024 passarão a ter pesos iguais e as projeções do Copom já indicam IPCA de 2024 abaixo da meta mesmo com queda de juros.

Em resumo, acreditamos, por ora, que a ata, as projeções do BCB e o cenário são condizentes com a continuação do ciclo de alta de juros por mais duas reuniões, em ritmo de 50 pontos-base, mas existe incerteza elevada com relação a esse ponto. Aguardamos a divulgação do Relatório de Inflação de junho que será divulgado em 30 de junho para termos mais detalhes sobre os rumos futuros da política monetária.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

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