Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank, liderada pelo economista-chefe do banco, Felipe Salles.
Internacional
Estados Unidos: criação forte de empregos em fevereiro
O Departamento de Trabalho publicou dados referentes ao mês de fevereiro. De acordo com o Establishment Survey, houve criação de 678 mil empregos no período, acima das expectativas. Além disso, houve uma correção nos números referentes aos dois meses anteriores, adicionando 92 mil vagas. Segundo o Household Survey, a taxa de desemprego diminuiu de 4% para 3,8% apesar de leve aumento na taxa de participação, de 62,2% para 62,3%. O ganho médio por hora trabalhada ficou estável depois de meses seguidos de aumentos. Nos últimos doze meses, o índice acumula alta de 5,1% sugerindo pressão de salários e dificuldade das empresas em contratar.
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em depoimento semestral ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA, disse que apoiará um aumento de 25 pontos base na taxa de juros durante a reunião de março. Powell não descartou aumentos maiores no futuro caso a inflação continue alta ou se mostre mais persistente. Sobre o balanço patrimonial do Fed, o presidente acrescentou que uma redução deve começar nos próximos meses e uma normalização deve ocorrer em torno de três anos.
O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) sinalizou expansão da atividade em fevereiro. O índice de manufaturas aumentou 1 ponto, para 58,6. Houve crescimento na demanda doméstica e externa e melhora na produção, entretanto preços pagos continuaram elevados e o tempo de entrega de mercadorias aumentou, sugerindo persistência de gargalos na cadeia produtiva. O índice de serviços diminuiu 3,4 pontos para 56,5. Houve queda em novos pedidos e diminuição do emprego.
O setor de construção segue aquecido. Gastos nominais subiram 1,3% em janeiro frente ao mês anterior, mantendo uma tendência de alta e superando expectativas. Entre os componentes do índice, os maiores gastos ocorreram na construção privada residencial (1,3%) e não-residencial (1,8%), enquanto gastos públicos tiveram leve aumento de 0,6%.
Os números de novos casos de covid-19 e de hospitalizações continuam diminuindo no país. As hospitalizações já estão abaixo das observadas em meados de 2021.
Europa: Rússia intensifica ataques à Ucrânia
O conflito entre Rússia e Ucrânia se tornou mais intenso. Tropas russas tomaram cidades portuárias ao sul do país e cercam a capital, Kiev. O presidente russo quer uma desmilitarização e uma neutralidade do país. Uma segunda rodada de conversas entre líderes dos dois países terminou sem progressos. A maior usina nuclear da Europa, que fica na Ucrânia, foi bombardeada, mas não houve danos além de um centro de treinamento. Os Estados Unidos e países europeus aumentaram sanções à Rússia, mas por enquanto as exportações de energia do país foram poupadas. Várias empresas multinacionais anunciaram a saída da Rússia.
Houve uma escalada no preço do gás natural e no do petróleo, que acumulam alta de 90% e 15%, respectivamente, desde sexta passada. Adicionalmente, o trigo subiu cerca de 60% no período. A alta das commodities coloca uma pressão adicional em um ambiente de inflação já elevada. O conflito deve impactar negativamente o crescimento global por três canais: o primeiro, pela dificuldade de comércio com a Rússia, o segundo, por rupturas adicionais nas cadeias globais de produção, e o terceiro, por um aumento na incerteza que pode levar a postergação de decisões de investimento e consumo. Em suma, o conflito deve gerar mais inflação e menos crescimento econômico.
Na área do euro, a inflação continua acelerando. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 5,8% nos últimos doze meses até fevereiro, segundo o Eurostat. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, cresceu 2,7% no mesmo período em razão de aumento maior e generalizado nos preços de bens possivelmente refletindo restrições de oferta e repasse de preços de insumos, em particular energia.
O mercado de trabalho está mais aquecido no início do ano. A taxa de desemprego diminuiu de 7% para 6,8% em janeiro, alcançando novo mínimo da série. Os salários tiveram aumento modesto no fim do ano passado, mas alguns países já reportaram valores mais elevados nas negociações de janeiro. As vendas no varejo aumentaram 0,2% em janeiro frente ao mês anterior e parecem estar de volta a tendência pré-pandemia.
Os casos de covid-19 continuam diminuindo tanto no Reino Unido quanto na área do euro. As hospitalizações também caíram. A França anunciou o fim do uso do passaporte de vacina a partir de meados de março.
China: expansão moderada da atividade
Os indicadores de atividade industrial sinalizaram leve expansão em fevereiro. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de manufaturas calculado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) aumentou 0,1 ponto para 50,2 e o PMI de manufaturas Caixin subiu 1,3 ponto para 50,4. Ambos os índices sinalizaram aumento de novos pedidos e uma contínua pressão de preços de insumos.
No setor de serviços, os índices também sinalizaram expansão moderada, mas vieram com sinais mistos. O PMI do NBS aumentou 0,2 ponto para 50,5 indicando uma lenta recuperação na demanda, enquanto o PMI Caixin diminuiu 1,2 ponto para 50,2. Empresas reportaram que medidas restritivas associadas a surtos de covid-19 têm pesado sobre o setor.
Os casos de covid-19 seguem baixos na China continental e estão concentrados principalmente na província de Guangdong, ao sul do país, que faz fronteira com Hong Kong. Quase a totalidade dos casos em Guangdong são importados da cidade vizinha. Hong Kong continua enfrentando o surto de ômicron, que tem sobrecarregado o sistema de saúde e ameaçado a atividade local. Autoridades se preparam para anunciar testagem em massa da população de 7,5 milhões que deve ocorrer em meados deste mês. A líder do executivo, Carrie Lam, descartou um lockdown total na cidade, mas lockdowns parciais podem ocorrer.
Brasil
Pesquisa Focus: expectativas de inflação seguem subindo
A projeção para o IPCA apresentou alta para 2022 (de 5,56% para 5,6%) e para 2023 (de 3,5% para 3,51%). Já o número esperado para o PIB ficou inalterado tanto para 2022 (0,3%) quanto para 2023 (1,5%). A taxa Selic também não apresentou mudanças: 12,25% para o final deste ano e 8% para o final do ano que vem. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
Atividade: PIB forte no 4º trimestre de 2021 melhora perspectivas para 2022
O Produto Interno Bruto do 4T21 registrou alta de 0,5% na comparação com o 3T21, acima do esperado pelo consenso de 0,1%. Com isso, a economia brasileira cresceu 4,6% em 2021, após queda de 3,9% no ano anterior. A surpresa positiva se deu pela recuperação do setor de serviços, pelo lado da oferta, e pela alta no consumo das famílias e do governo, pelo lado da demanda. A retomada da atividade foi impulsionada pela reabertura da economia. Colocamos viés de alta na nossa estimativa para o PIB de 2022 de crescimento de 0,5%.
Inflação: governo reduz alíquota do IPI
O governo federal reduziu por decreto a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na última sexta (dia 25). A redução é de até 25% e afeta todos os produtos, com exceção dos que contêm tabaco. O impacto fiscal é de aproximadamente R$ 20 bi para 2022. Por ser um imposto regulatório, a medida não exige compensação orçamentária. Estimamos que esta mudança teria impacto negativo de cerca de 50 pontos-base no IPCA de 2022 caso fosse integralmente repassada aos preços. No entanto, nosso viés segue de alta para projeção de IPCA de 5,5% em função da inflação corrente mais pressionada e da alta recente dos preços de commodities.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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