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Resumo da semana: Fed adota tom mais duro e sinaliza alta de juros

Inflação no Brasil e nos EUA e a provável alta dos juros norte-americanos em março são alguns dos temas mais importantes da semana.

Atualizado em

Quer ficar por dentro dos fatos mais importantes da economia do Brasil e do mundo? Confira o resumo semanal que a Equipe Econômica do C6 Bank preparou para você.

INTERNACIONAL

Estados Unidos: aumento de juros pode ocorrer em março

O banco central americano (Fed) sinalizou que pode ser apropriado subir juros em breve no comunicado da reunião do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) desta quarta-feira (26). De acordo com o Fed, a subida de juros seria motivada por dois fatos: a inflação, que está bem acima de 2%, e a alta do mercado de trabalho. Adicionalmente, o Fed indicou que o programa de compra de ativos terminará no início de março. Durante a coletiva de imprensa, o presidente da instituição, Jerome Powell, destacou que a força atual da economia deve ter implicações no ritmo de ajuste da política monetária, sinalizando que este ciclo de aperto pode ser mais rápido do que o anterior (iniciado em 2015). Sobre os planos de redução do balanço patrimonial, disse que devem ser detalhados nas próximas reuniões.

A inflação segue pressionada. O índice, medido pelo PCE, subiu 5,8% nos últimos doze meses até dezembro, com destaque para o preço de energia. O núcleo da inflação, que exclui energia e alimentos, subiu robustos 4,9%.

A economia americana cresceu 5,7% em 2021, depois de contrair em 2020. A maior expansão ocorreu no 4T21 – 6,9% em relação ao trimestre anterior, anualizado e com ajuste sazonal. O consumo subiu 3,3% e os investimentos privados 1,3%, enquanto os gastos do governo contraíram.

As prévias dos índices de PMI de janeiro indicam expansão moderada da atividade no início do ano e sugerem que a onda recente de covid-19 pesou sobre a atividade. O PMI de manufaturas diminuiu de 57,7 para 55 pontos e o PMI de serviços de 57,6 para 50,9 pontos. Na composição dos indicadores houve queda em novos pedidos e produção e sinais de que gargalos nas cadeias produtivas, como tempo elevado de entrega, permanecem.

Os indicadores regionais de atividade industrial do Fed apresentaram sinais mistos em janeiro. O Richmond Fed diminuiu para 8 pontos, enquanto o Kansas City Fed subiu para 24. Na composição dos índices, a mensagem foi similar: a demanda perdeu força, a produção melhorou, os preços seguem elevados e os gargalos na cadeia produtiva permanecem.

Os pedidos de bens duráveis contraíram 0,9% em dezembro frente a novembro e os pedidos de bens de capital, como máquinas e equipamentos, ficaram estáveis. Apesar de mais fracos, os índices seguem elevados e estão bem acima do nível pré-pandemia.

A renda das famílias registrou expansão de 0,3% em dezembro frente ao mês anterior. Os gastos com consumo contraíram 0,6%, com queda no consumo de bens em geral.

O mercado imobiliário segue aquecido. As vendas de casas novas subiram 11,9% em dezembro frente ao mês anterior depois de aumento similar em novembro, alcançando um nível elevado comparado ao período pré-pandemia. Os preços de casas (FHFA) subiram 1,1% em novembro, seguindo tendência de alta, pressionados por estoques baixos e demanda robusta. As vendas pendentes contraíram 3,8% em dezembro de acordo com a Associação Nacional de Corretores Imobiliários. Apesar da contração, as vendas pendentes estão acima da média pré-pandemia.

A confiança do consumidor (Conference Board) teve leve queda de 1,4 ponto em janeiro, para 113,8, em razão de uma piora no índice de expectativa de curto prazo. Apesar disso, a percepção dos consumidores quanto ao mercado de trabalho continua positiva e as expectativas de inflação em 1 ano diminuíram de 6,9% para 6,8%.

O número de novos casos de covid-19 e de hospitalizações estão elevados, mas começaram a diminuir e parecem ter passado do pico.

Europa: atividade da indústria segue sólida

As prévias dos PMIs – índices de atividade econômica – de janeiro continuam sinalizando expansão da atividade. O PMI de manufaturas veio firme, subiu 1 ponto para 59, com forte expansão nos indicadores da Alemanha e França que alcançaram 60,5 e 55,5 pontos, respectivamente. O PMI de serviços recuou 1,9 ponto para 51,2, sinalizando que a onda de covid-19 que atingiu a região impactou o setor de serviços. Na composição dos índices, os preços continuam elevados, os gargalos na cadeia produtiva diminuíram e empregos continuam sólidos.

A confiança na economia contraiu 1,1 ponto em janeiro para 112,7. Isso decorre de uma diminuição da confiança no setor de serviços. Já a confiança na indústria seguiu elevada.

A confiança empresarial na Alemanha melhorou em janeiro. O índice medido pelo Ifo subiu 0,9 ponto para 95,7. As empresas avaliaram a situação atual dos negócios como menos positiva mas, ao mesmo tempo, estão mais otimistas quanto aos próximos meses.

Na Alemanha o PIB encolheu 0,7% no 4T21 comparado ao trimestre anterior, indicando impacto da variante delta no período. Na França houve crescimento moderado de 0,7% e na Espanha expansão de 2%. O PIB segue abaixo do nível pré-pandemia na Alemanha e na Espanha, enquanto na França o índice já superou o nível do período.

Os casos de covid-19 podem estar próximos do pico na França, onde a taxa de transmissão do vírus está em torno de 1. Por enquanto, os casos seguem aumentando no país e as hospitalizações também sobem moderadamente. Itália e Espanha já observam queda no número de casos e hospitalizações. Alemanha, Áustria e Holanda, ainda observam aumento das infecções. No Reino Unido os casos e hospitalizações seguem tendência de queda. Nesta semana foram retiradas as restrições impostas em dezembro, como o uso de máscara em ambiente aberto e a recomendação de trabalho remoto.

China: metas de crescimento das províncias sugerem expansão nacional entre 5% e 5,5%

As províncias chinesas divulgaram suas metas de crescimento para este ano. Apenas 1 entre as 31 províncias ainda não anunciou. Todas diminuíram seus objetivos em relação a 2021. Com base nesses números, o crescimento do país, que deve ser anunciado em março, deve ficar em torno de 5% e 5,5%.
O lucro da indústria diminuiu para 4,2% em dezembro frente ao mesmo mês do ano anterior, de acordo com o Escritório Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês). O lucro continuou sólido para produtores de matérias prima (mineração, processamento de metais) e para produtores de equipamentos de alta tecnologia. Outras indústrias continuaram sentindo pressão de custos.

Os casos de covid-19 parecem controlados e estão concentrados em algumas províncias. A cidade de Xian, que estava em lockdown há um mês, anunciou o fim da medida. A China mantém a política de tolerância zero em relação ao vírus, o que restringe a circulação de pessoas.

BRASIL

Pesquisa Focus: expectativa de inflação mais alta

A projeção para o IPCA apresentou alta para 2022 (de 5,09% para 5,15%) e estabilidade para 2023 (3,4%). Já os números esperados para o PIB permaneceram estáveis para 2022 (0,29%) e registraram queda para 2023 (de 1,75% para 1,69%). A taxa Selic segue em 11,75% para o final deste ano e em 8% para o final do ano que vem.

Atividade: desemprego em queda, mas rendimento deteriora
A taxa de desemprego da PNAD Contínua de novembro surpreendeu positivamente pela sexta vez consecutiva (mostrando queda mais intensa que o esperado) e atingiu 12,1% no mês, considerando o dado com nosso ajuste sazonal. O índice vem mostrando recuo desde o pico em dezembro de 2020 (15%), refletindo a recuperação do PIB de serviços. A pesquisa mostra retomada da ocupação e aumento da taxa de participação. Ainda assim, acreditamos que o hiato no mercado de trabalho segue aberto e deve permanecer elevado por bastante tempo. A inflação tem afetado a renda real. Houve queda de 1,3% nos rendimentos médios habituais em relação à divulgação do mês anterior.

Setor externo: conta corrente negativa

A conta corrente registrou déficit de US$ 5,9 bilhões no mês de dezembro. Considerando o dado com nosso ajuste sazonal, houve déficit de US$ 2,3 bilhões. O saldo foi positivo na balança comercial, porém negativo em serviços e rendas. Em 2021, o saldo de transações correntes acumulou déficit de 1,75% do PIB. O Investimento Estrangeiro Direto veio em -US$ 3,9 bilhões, abaixo do consenso de US$ 3,1 bilhões. Em 2021, o acumulado foi de 2,9% do PIB.

Inflação: IPCA-15 mais forte que o esperado

O IPCA-15 de janeiro veio acima das expectativas de mercado, registrando alta de 0,58%. A surpresa foi disseminada em itens de serviços e bens industriais (altas de 0,51% e 1,46%, respectivamente). A inflação segue elevada e acumula alta de 10,2% na variação em 12 meses. Apesar do alto desemprego, vemos os preços dos serviços pressionados em função da alta inflação corrente, que afeta os preços via inércia inflacionária. Os bens industriais também devem seguir pressionados – o núcleo do IPA industrial segue alto no curto prazo.

O IGP-M avançou 1,82% em janeiro – abaixo do esperado de 1,98% – e acumula alta em 12m de 16,91%. A composição dos índices de atacado apresentou comportamento similar: o IPA agrícola acelerou 1,77% frente a 1,27% no mês anterior enquanto o núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – segue pressionado (alta de 0,99% ante alta de 0,75% em dezembro).

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles – Head
Claudia Moreno – Head Brasil
Claudia Rodrigues – Head Internacional
Felipe Mecchi – Internacional
Heliezer Jacob – Brasil

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