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Resumo semanal: ata do Fed sinaliza alta de juros em março

Equipe econômica do C6 Bank aponta os fatos mais importantes da semana

Atualizado em

Moedas enfileiradas, representando um gráfico

Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank, liderada pelo economista-chefe Felipe Salles.

Internacional

Estados Unidos: ata do Fed indica aumento de juros na próxima reunião

O banco central americano (Federal Reserve – Fed) divulgou a ata da última reunião, realizada em janeiro. O texto trouxe poucas novidades. O Comitê de política monetária (FOMC, na sigla em inglês) sinalizou a necessidade de subir a taxa básica de juros em breve, em razão da inflação elevada e mercado de trabalho aquecido. Na nossa visão, a comunicação é consistente com uma alta já na próxima reunião, a ser realizada nos dias 15 e 16 de março. Adicionalmente, a maioria dos membros sugeriu que um ritmo mais intenso de aumento de juros do que o observado no período pós-2015 provavelmente será necessário. Sobre a redução do balanço patrimonial, vários participantes comentaram a necessidade de começar este ano.

A atividade seguiu sólida em janeiro. As vendas no varejo superaram as expectativas e apresentaram crescimento forte de 3,8% em relação a dezembro, permanecendo acima da tendência pré-pandemia. O aumento do índice foi amplo e ocorreu em oito das treze categorias. A produção industrial subiu 1,4% frente ao mês anterior, apesar dos gargalos no setor automotivo.

O mercado imobiliário continua aquecido. O índice de permissão para construir – indicador que antecipa atividades de construção – subiu 0,7% em janeiro frente ao mês anterior, vindo acima do esperado, depois de forte alta em dezembro. O índice de construção de novas moradias contraiu 4,1%, mas permanece acima do nível pré-pandemia. O otimismo das construtoras (NAHB Housing Market Index) diminuiu 1 ponto para 82 em fevereiro, mas permanece em patamar elevado e sugere confiança nas vendas de imóveis.

Os índices regionais de atividade industrial do Fed indicam expansão moderada em fevereiro. O índice do Empire State melhorou em relação ao mês anterior em razão de leve aumento na demanda e produção, enquanto o índice do Philadelphia Fed piorou, apresentando leve queda nos mesmos indicadores. Em comum, os índices sinalizam uma contínua pressão de preços e uma persistência de gargalos na cadeia produtiva.

Os números de novos casos de covid-19 e de hospitalizações continuam diminuindo no país.

Europa: emprego volta ao nível pré-pandemia

A atividade fechou o ano de 2021 com um ritmo robusto na área do euro. O emprego subiu 2% no 4T21 – anualizado e com ajuste sazonal – voltando ao patamar do 4T19. A produção industrial aumentou 1,2% em dezembro frente ao mês anterior. Esta foi a segunda expansão consecutiva e trouxe o índice de volta ao nível pré-pandemia. Entre as maiores economias, a Alemanha contribuiu para o crescimento do índice, enquanto a França, Itália e Espanha pesaram negativamente. Houve forte expansão na produção de veículos (10%), entretanto, esta permanece 18% abaixo do nível pré-pandemia.

No Reino Unido, o mercado de trabalho mostra sinais de aquecimento. A taxa de desemprego ficou estável em 4,1% nos três meses até dezembro. O número de vagas em aberto alcançou o recorde da série. Os salários, excluindo bônus, subiram 3,7% nos três meses até dezembro comparados aos do mesmo período do ano anterior, ficando acima das expectativas.

A inflação segue pressionada. O índice de preços ao consumidor (CPI) acelerou para 5,5% nos últimos doze meses até janeiro. O núcleo da inflação (exclui alimentos e energia) subiu de 4,2% para 4,4% no período. Este foi o maior aumento do CPI desde março de 1992.

Os casos de covid-19 continuam diminuindo tanto no Reino Unido quanto na área do euro. As hospitalizações também amenizaram. Na Alemanha, apesar do número de casos ainda elevado, as hospitalizações estão em queda.

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China: inflação desacelera

Os índices de inflação perderam força e vieram abaixo do esperado. A inflação ao consumidor subiu 0,9% em janeiro frente ao mesmo mês do ano anterior. Houve queda no preço de alimentos (-3,8%), enquanto o núcleo manteve o crescimento do mês anterior (1,2%). A inflação ao produtor subiu 9,1%, mostrando sinais de alívio da crise de energia no fim do ano passado.

Os casos de covid-19 seguem baixos e estão concentrados em algumas províncias. Por enquanto, indicadores de alta frequência não mostram impacto significativo do vírus na atividade. A cidade de Hong Kong enfrenta um surto de ômicron, que está sobrecarregando o sistema de saúde. O presidente Xi Jinping pediu que autoridades locais priorizem o controle do vírus, observando a estratégia de tolerância zero ao vírus. Um planejamento para testagem em massa da população de 7,5 milhões de habitantes está em andamento.

Brasil

Pesquisa Focus: revisão para cima da Selic

A projeção para o IPCA apresentou alta para 2022 (de 5,44% para 5,5%) e estabilidade para 2023 (3,5%). Já o número esperado para o PIB ficou inalterado para 2022 (0,3%) e teve leve queda para 2023 (de 1,53% para 1,5%). A taxa Selic subiu de 11,75% para 12,25% para o final deste ano e permaneceu em 8% para o final do ano que vem.

Inflação: bens industriais seguem pressionados

O IGP-10 avançou 1,98% em fevereiro – em linha com o esperado de 1,97% – e acumula alta em 12 meses de 16,69%. O IPA agrícola acelerou 3,53% frente a 1,49% no mês anterior, enquanto o núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – segue pressionado, apesar de retração em relação ao IPA-DI de janeiro (alta de 1,03% ante alta de 1,49%).

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

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