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Resumo semanal: queda de commodities dá alívio à inflação

Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank

Atualizado em

Confira as principais notícias da semana (8/8-12/8), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.

Internacional

Estados Unidos: inflação desacelera com queda no preço de commodities

A inflação perdeu força na margem, mas segue alta. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) permaneceu estável em julho frente ao mês anterior, de acordo com o Departamento do Trabalho, com destaque para queda no preço de energia. Em 12 meses, o índice acumula alta de 8,5%, desacelerando em relação ao recorde de mais de 40 anos alcançado em junho. O núcleo do CPI (exclui alimentos e energia) subiu 0,3% e acumula alta de 5,9% em 12 meses. Em nossa visão, a inflação deve continuar desacelerando lentamente, mas não deve alcançar a meta em um horizonte próximo. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) contraiu 0,5% em julho frente ao mês anterior, com queda forte no preço de energia em particular gasolina. Houve queda também no preço do diesel, carvão, gás e grãos. Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 9,8%.

O índice de otimismo das pequenas empresas, medido pela Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB, na sigla em inglês), teve leve aumento de 0,4 ponto para 89,9 em julho, o primeiro do ano. O índice permanece bem abaixo do nível pré-pandemia. As pequenas empresas continuam sinalizando pressões de preços, porém mais moderadas, e dificuldades na contratação de trabalhadores.

A produtividade do trabalho diminuiu 4,6% no 2T22 comparado ao trimestre anterior, segundo o Departamento do Trabalho. Esta foi a segunda queda consecutiva no índice, refletindo uma menor produção e um aumento nas horas trabalhadas. Os custos do trabalho aumentaram 10,8% no mesmo período, acima do esperado, em razão de um aumento nas compensações (salários e benefícios) em meio a queda na produtividade.

Em relatório semanal do Departamento de Trabalho, os pedidos iniciais de seguro-desemprego seguem em níveis baixos, em 262 mil na semana encerrada em 6 de agosto, 14 mil acima da semana anterior.

Europa: PIB do Reino Unido contrai no 2T

O conflito entre Rússia e Ucrânia se estende pelo sexto mês, sem avanços em um acordo de paz. A Rússia continua com ações ofensivas principalmente no leste do país e segue para tomar a região de Donbas. A Ucrânia mostra resistência e segue recebendo ajuda militar, financeira e humanitária do Ocidente. O conflito se estende por mais tempo do que era previsto. Ataques russos próximos à usina nuclear de Zaporizhzhia têm causado preocupações, levando o secretário-geral das Nações Unidas a pedir um cessar fogo na região.

Os preços das commodities continuam com alta volatilidade. Entre os dias 5 e 11 de agosto, o petróleo subiu 5%, recuperando parte das quedas recentes. O gás natural continuou elevado em meio ao baixo fornecimento russo, que permanece em 20% da capacidade mesmo depois de concluída a manutenção do gasoduto entre Rússia e Alemanha. Aumentando a pressão de preços na Alemanha, o rio Reno, importante canal de transporte de carga, está com volume de água baixo em meio à seca e deve se tornar inavegável. O rio é chave no transporte de combustíveis, carvão e outras commodities industriais. Os grãos subiram, mas seguem bem abaixo do nível alcançado no início da guerra. Navios transportando grãos da Ucrânia continuaram a operar nos portos do Mar Negro, depois de acordo entre Rússia e Ucrânia há duas semana.

A produção industrial (excluindo construção) subiu 0,7% em junho frente ao mês anterior. O aumento no índice ocorreu em razão de uma maior contribuição da Irlanda, que costuma ser volátil. Dentre as principais economias do bloco houve uma melhora na produção industrial da Alemanha (0,6%), França (1,3%) e Espanha (1%) e queda na Itália (-2,1%). A produção de automóveis subiu pelo terceiro mês consecutivo, mas permanece bem abaixo do nível pré-pandemia.

No Reino Unido, a economia contraiu 0,1% no 2T22 em relação ao trimestre anterior, com ajuste sazonal, de acordo com a primeira estimativa do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). Houve queda no consumo e dos gastos públicos com saúde em razão do fim da pandemia. No mês de junho, a atividade encolheu 0,6% frente ao mês anterior. Houve contração na produção industrial (-0,9%) e serviços (-0,5%).  Empresas continuam reportando falta de peças e de mão de obra.

China: crédito diminui mais que o esperado

O fluxo de crédito agregado teve queda significativa passando de RMB 5,17 trilhões em junho para RMB 756 bilhões em julho, segundo o banco central da China (PBOC, na sigla em inglês), ficando quase RMB 600 bilhões abaixo do esperado. A queda foi generalizada entre os diversos segmentos. Houve diminuição nos empréstimos bancários, principalmente de médio e longo prazo, às empresas, sinalizando menor disposição para novos investimentos, e às famílias, indicando menos investimentos imobiliários; e menor emissão de títulos públicos.

O número diário de casos de Covid-19 aumentou, passando de 500 na semana anterior para pouco mais de 2.000 esta semana. Os casos estão concentrados em províncias mais ao sul – ilha de Hainan -, e noroeste do país. O número de áreas de risco alto está elevado (556), mais da metade na ilha de Hainan, 6 em Xangai e 1 em Pequim. O governo chinês, seguindo a política de Covid zero, tem priorizado isolamentos logo que novos casos são reportados. Em Xangai, o número de casos diários continua baixo, mas testagens continuam semanalmente até o fim de agosto.

A balança comercial registrou superávit recorde de US$ 101,3 bilhões em julho, US$ 3,3 bilhões acima do mês anterior. Exportações aceleraram 18% e aumentaram para vários destinos como Europa, Japão e Ásia emergente. As importações subiram 2,3% no mesmo período. O crescimento do fluxo comercial sugere melhora nos gargalos logísticos da cadeia produtiva.

A inflação ao consumidor subiu 2,7% em julho frente ao mesmo mês do ano anterior, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). O aumento ocorreu em razão de maiores preços de alimentos. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, desacelerou para 0,8%. A inflação ao produtor desacelerou de 6,1% para 4,2% no mesmo período, refletindo um menor crescimento do preço de energia e metais, seguindo tendência global de queda.

O banco central chinês, em relatório trimestral, afirmou que irá fortalecer a política monetária prudente e reforçar apoio à crédito para empresas e projetos de infraestrutura. Acrescentou que o setor imobiliário não será utilizado para estimular a economia. Sobre a inflação, disse que a meta de 3% para o CPI deve ser alcançada, mas pode ser excedida em alguns meses no segundo semestre.

Brasil

Focus: expectativa de inflação para 2023 se deteriora em ritmo mais lento

A projeção para o IPCA apresentou queda para 2022 (de 7,15% para 7,11%), alta para 2023 (de 5,33% para 5,36%) e ficou estável para 2024 (em 3,3%). O número esperado para o PIB ficou praticamente estável para 2022 (passou de 1,97% para 1,98%), e estável para 2023 em 0,40%. A taxa Selic ficou estável tanto para o final deste ano (em 13,75%) quanto de 2023 (em 11%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Atividade: varejo registra queda e sinaliza desaceleração da atividade

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de junho mostrou queda de 2,3% frente ao mês anterior no volume de vendas no comércio varejista ampliado, resultado abaixo do que nós e o mercado projetávamos. A composição do índice mostrou queda generalizada entre os principais segmentos. O varejo começou a sinalizar desaceleração e deve estar sendo influenciado pela queda do poder de compra e pela política monetária contracionista.

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de junho mostrou alta de 0,7% no volume de serviços na comparação mensal. O dado veio acima das expectativas do mercado e da nossa projeção. A composição mostrou alta disseminada nas diversas atividades. O segmento de serviços prestados às famílias – o mais afetado pelas restrições de mobilidade – registrou alta de 0,6 % no mês, mas segue 6,1% abaixo do nível pré-pandemia.

Mantemos nossa projeção de atividade ainda forte no 2T22, de 1,4% em relação ao 1T22. No entanto, o PIB deve desacelerar e registrar crescimento baixo ou negativo na segunda metade do ano. A alta de juros e a desaceleração global comprometem uma expansão maior da atividade. Nossa projeção para crescimento do PIB é de 2% em 2022.

Inflação: IPCA de julho registra deflação impactado pela redução de impostos

O IPCA de julho registrou deflação de 0,68% – em linha com o que nós (-0,68%) e o mercado (-0,65%) esperávamos. O índice acumula alta de 10,07% na variação em 12 meses e mostra desaceleração. A deflação registrada no mês reflete os efeitos da redução de impostos sobre gasolina, etanol e energia elétrica, que juntos contribuíram com uma queda de 1,38 pontos percentuais no IPCA. A composição mostra forte queda de 4,35% para os bens administrados e leve queda também para bens industriais, que vem mostrando desaceleração no acumulado em 12 meses nas últimas divulgações. Já a inflação de serviços segue pressionada, sem mostrar desaceleração. Em 12 meses, a inflação de serviços acumula alta de 8,9% e a de bens industriais de 12,8%. Esta deve continuar pressionada nos próximos meses influenciada pela inércia inflacionária. O dado teve pouco impacto na nossa projeção para o IPCA de 2022, seguimos projetando alta de 6,5%.

Política monetária: Copom sinaliza fim do ciclo e Selic elevada por período prolongado

O Banco Central divulgou nesta terça-feira (9) a ata das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) dos dias 2 e 3 de agosto.

A ata esclareceu que a projeção da inflação de doze meses no primeiro trimestre de 2024, para a qual o comitê passou a dar ênfase, “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”. Além disso, o texto afirma que “a projeção de inflação para o ano-calendário de 2024 também se encontra ao redor da meta estipulada.” Ou seja, para o horizonte que o BCB está mirando, as projeções dos seus modelos já se encontram ao redor da meta.

A deterioração das expectativas de inflação para 2023 era um dos principais fatores que, na nossa visão, fariam a autoridade monetária continuar com mais um ajuste nos juros na reunião de setembro.  No entanto, a ata ressaltou que “a elevação das expectativas e das projeções de médio prazo se concentrou na inflação de preços administrados, em função do caráter temporário de algumas medidas tributárias.”

O Comitê sinalizou que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, na próxima reunião, com o objetivo de trazer a inflação para o redor da meta no horizonte relevante”. O Comitê também afirmou que “seguirá vigilante e avaliará se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará tal convergência”, sinalizando que poderá elevar as taxas de juros à frente caso necessário.

Em resumo, acreditamos que a comunicação e as projeções do BCB são condizentes com a manutenção da taxa Selic em 13,75% ou com um último ajuste de 25 pontos-base na reunião de setembro.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

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