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Resumo semanal: Sinais de desaceleração da atividade nos EUA

Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank

Atualizado em

Confira as principais notícias da semana (16/5-20/5), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.

Internacional

Estados Unidos: mercado imobiliário começa a desaquecer

O setor imobiliário dá sinais de moderação. Os índices de permissão para construir e de construção de novas moradias encolheram 3,2% e 0,2% respectivamente em abril frente ao mês anterior, segundo o Departamento de Comércio. Apesar da queda, ambos continuam acima do nível pré-pandemia. A venda de casas usadas diminuiu 2,4% no mesmo período, foi o terceiro mês consecutivo de declínio indicando uma perda de impulso. Entretanto, o estoque de casas disponíveis para venda continua baixo e pressionando os preços. A confiança das construtoras (NAHB Housing Market Index) diminuiu 8 pontos, recuando para 69 em maio. Esta foi a quinta queda consecutiva do índice, que permanece elevado, mas sinalizando moderação de construções nos próximos períodos.

A atividade seguiu sólida em abril. As vendas no varejo subiram 0,9% em relação ao mês anterior, segundo o Departamento de Comércio. Além disso houve forte revisão para cima em março, mantendo vendas acima da tendência pré-pandemia. A produção industrial acelerou 1,1% no mesmo período, segundo o banco central americano. Houve crescimento na produção de veículos e autopeças, que se manteve acima da média de 2019.

Os índices regionais de atividade industrial do Fed sugerem enfraquecimento dos negócios em maio. O índice do Empire State Fed sinalizou contração da atividade, com queda expressiva na demanda e produção, enquanto o índice do Philadelphia Fed desacelerou apesar do aumento na demanda e produção. Em comum, os índices sinalizam uma contínua pressão de preços e uma persistência de gargalos na cadeia produtiva.

O mercado de trabalho continua forte. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego, divulgados pelo Departamento do Trabalho, alcançaram 218 mil na semana encerrada em 14 de maio, um aumento de 21 mil em relação a semana anterior. Apesar do aumento, em nossa visão, o índice segue em patamar compatível com uma taxa desemprego ao redor de 3%.

Os números de novos casos de Covid-19 e de hospitalizações continuam baixos, mas estão aumentando na margem. O aumento de casos tem ocorrido principalmente no nordeste e meio-oeste americano.

Europa: 300 bilhões de euros para garantir eficiência energética até 2030

O conflito entre Rússia e Ucrânia está quase completando três meses. A Rússia continua tendo dificuldades de alcançar seus objetivos e os ataques continuam. A Ucrânia mostra resistência e segue recebendo ajuda militar, financeira e humanitária do ocidente. Negociações diretas entre Rússia e Ucrânia estão praticamente paradas. O conflito deve se estender por mais tempo do que era previsto.

Os preços das commodities continuam com alta volatilidade. Entre os dias 13 e 19 de maio, o petróleo ficou estável em 0,4%. O gás natural diminuiu 6% no mesmo período, em meio à chegada de gás liquefeito importado.

A União Europeia apresentou um plano de investimento de 300 bilhões de euros a ser realizado até 2030. Desse total, 12 bilhões de euros serão destinados a investimentos em infraestrutura de gás natural e petróleo com o objetivo de tornar o bloco independente de energia russa. A maior parte dos recursos será usada para o desenvolvimento de fontes renováveis e um aumento da eficiência energética.

No Reino Unido, o mercado de trabalho continua mostrando sinais de aquecimento. A taxa de desemprego recuou para 3,7% na média de três meses até março, menor nível em quase 50 anos. Os salários, excluindo bônus, aceleraram 4,2% em março. O número de vagas em aberto alcançou novo recorde de 1,29 milhão na média de três meses até abril e as contratações aumentaram em 121 mil no mês, acima do esperado. As vendas no varejo subiram 1,4% em abril frente ao mês anterior, apesar do aumento no custo de vida. A inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) continuou acelerando, conforme esperado. O índice teve o maior aumento desde o início da série em 1950, passando de 7% nos últimos doze meses até março para 9% em abril. A alta nos preços foi causada por forte aumento no preço de energia (52,1%). O núcleo da inflação (exclui alimentos e energia) subiu robustos 6,2%. A confiança do consumidor recuou mais 2 pontos para -40 em maio, menor nível desde o início da série em 1974, possivelmente refletindo a alta inflação.

China: Xangai reabre a economia gradualmente

O número de novos casos de Covid-19 continua com tendência de queda, passando de dezenas de milhares há três semanas para aproximadamente mil recentemente. Os casos continuam concentrados em Xangai, mas a boa notícia é que a cidade, depois de quase 2 meses em lockdown, começou uma reabertura gradual. Em Pequim, o número de novos casos também permanece baixo, depois de seguidas testagens em massa. Medidas restritivas duras, que fazem parte da estratégia de Covid zero, como testagens frequentes e isolamento de pessoas infectadas, devem continuar sendo aplicadas para evitar a disseminação do vírus e lockdowns custosos como o de Xangai. O primeiro-ministro chinês insistiu para governadores serem mais proativos em buscar estabilidade econômica local, principalmente neste mês de maio, ponderando que a inflação estável cria espaço para medidas de alívio para empresas. Por enquanto medidas de estímulo ao consumo não foram adotadas.

O banco central da China (PBOC, na sigla em inglês) manteve inalterada a taxa de juros de curto prazo (LPR 1 ano) em 3,7% ao ano, mas reduziu em 15 pontos-base a taxa de juros de longo prazo (LPR 5 anos), usada como referência para hipotecas, para 4,45%. O corte na taxa de 5 anos surpreendeu positivamente e segue um enfraquecimento do setor imobiliário. A medida soma-se a outra, anunciada na semana passada, de corte de 20 pontos-base em hipotecas para os que estão comprando imóveis pela primeira vez.

A economia esfriou no mês de abril em razão do surto de Covid-19 e de medidas rigorosas de confinamento em várias cidades que diminuíram a mobilidade, levaram ao fechamento de fábricas e a atrasos em portos e rodovias. Tais medidas pesaram sobre a atividade enfraquecendo o consumo, os investimentos e a produção.

As vendas no varejo contraíram 11,1% em abril frente ao mesmo mês do ano anterior. Houve queda significativa nas vendas de veículos (36,1%) e em serviços de restaurantes (22,7%). A produção industrial diminuiu 2,9% no mesmo período. Houve queda na produção de veículos e contração e desaceleração nas demais indústrias, em razão do fechamento temporário de fábricas e falta de insumos. A taxa de desemprego urbano subiu para 6,1%, refletindo incertezas internas e externas, se aproximando do pico de 6,2% alcançado em fevereiro de 2020.

O investimento em ativos fixos (FAI, na sigla em inglês) desacelerou para 6,8% nos quatro primeiros meses do ano frente ao mesmo período do ano anterior. Houve moderação nos investimentos em manufaturas, que seguem apoiados por políticas públicas e exportações sólidas, desaceleração nos investimentos em infraestrutura e queda nos investimentos imobiliários, em razão de dificuldades financeiras enfrentadas pelo setor e das restrições à mobilidade. As vendas de imóveis residenciais contraíram 32,2% no mesmo período. O preço médio de casas novas em 70 cidades chinesas cedeu 0,3% em abril, oitava queda consecutiva do índice, sinalizando menor confiança de potenciais proprietários com empresas do setor.

Brasil

Inflação: IGP-10 registra desaceleração, influenciado por preços agrícolas

O IGP-10 avançou 0,1% em maio, abaixo do esperado, e acumula alta de 12,13% em 12 meses – trajetória de desaceleração. A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola em deflação – queda de 1,59% frente à alta de 0,9% no mês anterior. Por outro lado, o núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – registrou elevação de 1,49% ante 1,54% em abril e segue pressionado. No acumulado em 12 meses, ambos indicadores seguem em patamar elevado, em 19,6% para o núcleo dos bens industriais e em 12,5% para o IPA agrícola. À frente, esperamos que os IPA´s sigam desacelerando no acumulado em 12 meses, no entanto essa queda será lenta. Mantemos nossa projeção de 8,4% para o IPCA de 2022.

Fiscal: governos regionais seguem impulsionando resultado fiscal

O resultado primário do setor público consolidado de março foi de R$ 4,3 bi, acima das expectativas. O resultado positivo foi impulsionado pelo superávit de R$ 11,8 bi registrado pelos governos regionais. O resultado nominal, por outro lado, veio abaixo do esperado e registrou déficit de R$ 26,5 bi. A dívida líquida subiu, passou de 57,1% para 58,2% do PIB, influenciada principalmente pela valorização da moeda, mas também pelo pagamento de juros. Esse resultado aumenta a chance de revermos nossa projeção de superávit para o setor público consolidado, que hoje é de 0,5% do PIB para 2022.

Nota: O Banco Central não divulgou essa semana a pesquisa do Boletim Focus devido à greve dos servidores. 

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

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