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O que são títulos verdes?

Títulos verdes têm se popularizado cada vez mais por conta de sua função no desenvolvimento de projetos sustentáveis

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Paisagem de rica vegetação, ilustrando a defesa do meio ambiente promovida pelos títulos verdes

A preocupação com temas como ecologia, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável tem ganhado cada vez mais espaço, tanto em discussões interpessoais, de menor escala, quanto no debate público em geral, ocupando locais de importância em conferências e cúpulas ao redor do mundo. Nesse contexto, surgem diversas iniciativas relacionadas, como é o caso dos títulos verdes.

Também conhecidos como green bonds, eles são um tipo de investimento relativamente recente, mas que vêm ganhando destaque por conta de sua função no desenvolvimento de projetos sustentáveis. No post a seguir, você encontrará diversas informações sobre eles, como por exemplo:

  • O que são títulos verdes?
  • Benefícios dos títulos verdes
  • Títulos verdes x títulos tradicionais: qual a diferença?
  • Fundos ESG e diferentes títulos
  • Índices de sustentabilidade da B3
  • Como funciona o processo de emissão dos títulos verdes?
  • Títulos verdes disponíveis no Brasil
  • Documentação necessária para investir em green bonds

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O que são títulos verdes?

De forma geral, os títulos verdes são papéis de dívida emitidos com fins de captação de recursos para serem revertidos em projetos sustentáveis de minimização dos efeitos das mudanças climáticas. Trata-se de uma alternativa de investimento a longo prazo que contribui não só com o desenvolvimento sustentável, mas com o futuro do planeta de forma geral.

Surgiu fora do Brasil: os primeiros títulos verdes do mundo foram emitidos em 2007 e 2008, primeiro pelo Banco Europeu de Investimento e, em seguida, pelo Banco Mundial. De lá para cá, tem crescido cada vez mais no mercado, especialmente entre países emergentes e com grande abundância de recursos naturais, como é o caso do Brasil.

Alguns exemplos são projetos que envolvem implementação de fontes de energia renovável, gestão sustentável de resíduos, projetos florestais e de eficiência energética, entre outras atividades positivas para o meio ambiente.

Benefícios dos títulos verdes

Os títulos verdes têm uma série de benefícios, tanto para o emissor quanto para o investidor. Para o emissor, eles podem representar uma diversificação ou mesmo ampliação da base de investidores, que passa a contar com compradores alinhados a iniciativas sustentáveis, além de terem um grande potencial de impacto socioambiental.

Ademais, considerando o espaço cada vez maior que temas ligados à sustentabilidade têm ocupado na esfera pública, os benefícios reputacionais também são consideráveis: as instituições emissoras recebem visibilidade, se destacando no mercado em relação a concorrentes. Mais do que isso: são reconhecidas como comprometidas com a conservação do meio ambiente e com a mitigação das consequências da mudança climática.

Por fim, vale notar que tais instituições também contam com a possibilidade de captações com prazos mais longos, potencializando a obtenção de recursos.

Já para o investidor, também há benefícios, como a maior transparência no uso dos recursos por parte da instituição emissora, a convergência com os compromissos voluntários e o próprio retorno financeiro.

Além disso, o maior beneficiado é, logicamente, o meio ambiente. Isso se reflete de diversas formas: energia renovável, edifícios verdes, eficiência energética, transporte limpo, gestão de resíduos, gerenciamento de água e esgoto, uso sustentável da terra, entre outras vantagens.

Títulos verdes x títulos tradicionais: qual a diferença?

Apesar do retorno financeiro semelhante, os títulos verdes apresentam algumas diferenças em relação aos papéis tradicionais. Confira o comparativo a seguir:

CaracterísticasTítulos verdesTítulos convencionais
São títulos de dívidaSimSim
Pagam cupom periódico ou no vencimentoSimSim
Podem receber nota de rating de créditoSimSim
Tipologia de acordo com garantia de dívidaSimSim
Recursos são destinados para projetos verdesSimEventualmente
São definidos e promovidos como verdesSimNão
Há comprometimento do emissor com algum nível de transparência e documentação sobre o uso dos recursos em projetos verdesSimNão
Credenciais verdes de projetos recebem avaliação externaSimNão

Fundos ESG e diferentes títulos

Na realidade, há toda uma categoria destinada a fundos cuja finalidade é a de fazer investimentos em empresas com iniciativas do tipo. Trata-se dos fundos ESG (sigla Environmental, Social and Corporate Governance, ou Governança Ambiental, Social e Corporativa, em português).

Vale notar: os títulos verdes não são as únicas iniciativas disponíveis quando se trata de produtos e serviços ESG. Há outros dois tipos de títulos similares negociados na B3, atualmente: os títulos sociais, sustentáveis, além dos verdes.

Os objetivos de cada um variam: os títulos sociais têm como foco o acesso a serviços essenciais, geração de empregos, habitação a preços acessíveis, infraestrutura básica acessível, segurança alimentar, entre outras questões socialmente relevantes.

Os títulos sustentáveis, por sua vez, englobam projetos de caráter socioambiental em geral, unindo os ideais dos títulos verdes e sociais. Existem, ainda, os títulos vinculados à sustentabilidade, mas eles não estão presentes no ambiente de negociação da B3.

Índices de sustentabilidade da B3

Além de disponibilizar a possibilidade dos investimentos em títulos ESG, a B3 também conta com três índices de sustentabilidade: o Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3), o Índice GPTW B3 (IGPTW B3) e o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3).

Criado em 2010, O ICO2 B3 é composto por ações das companhias participantes do índice IBrX50 e que adotaram práticas transparentes no que diz respeito às suas emissões de gases estufa.

O IGPTW B3, por sua vez, é bem mais recente: foi criado em 2021, com o objetivo de indicar o desempenho das cotações dos ativos de empresas admitidas a negociação no B3 e que foram certificadas pela GPTW (Great Place to Work, ou “Ótimo Lugar para Trabalhar”, em tradução livre) como os melhores ambientes de trabalho.

O ISE B3, por fim, reúne cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu comprometimento com a sustentabilidade empresarial. Foi criado em 2005, sendo um dos primeiro do mundo a medir a eficiência corporativa utilizando como medida o grau de sustentabilidade.

Como funciona o processo de emissão dos títulos verdes?

O processo de emissão de títulos verdes é bastante similar ao processo de emissão de títulos tradicionais. Primeiro, há um processo de pré-emissão e elaboração, em que as empresas ou governos elaboram um projeto com foco ambiental, além de fazerem uma análise de mercado e dos riscos envolvidos. Nesta etapa, também é feita uma avaliação do portfólio de projetos para identificação de iniciativas verdes.

Em seguida, passa-se para a certificação. Antes de ser emitido, o título deve ser analisado por uma avaliadora externa, a fim de garantir que os recursos serão, de fato, destinados a propostas verdes com indicadores de impacto bem definidos.

Finalmente, é feita a emissão e oferta. Um órgão intermediador emite o título e, em seguida, faz-se a oferta dele aos investidores. Os termos e condições definem o prazo e a frequência com que o investidor será reembolsado, através do pagamento de juros.

Por fim, há um momento de pós-emissão. Nele, o projeto passa por um monitoramento e controle dos recursos aportados, sendo papel do emissor comprovar de forma transparente o alcance dos indicadores de desempenho ambiental do projeto, por meio de relatório detalhado dos investimentos do título verde.

Títulos verdes disponíveis no Brasil

Entre os títulos dessa categoria é possível encontrar no mercado financeiro nacional, atualmente: debêntures, debêntures de infraestrutura, letras financeiras, Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).

A tendência é que, com o passar dos anos, mais alternativas surjam, bem como o número de empresas emissoras aumente. Segundo o relatório Análise do Mercado de Financiamento Sustentável da Agricultura no Brasil, da iniciativa Climate Bonds, os títulos verdes respondem por 84% do mercado de dívida sustentável brasileira, tendo batido, em 2021, a marca dos US$ 9 bilhões. No entanto, ainda há muito espaço para crescimento.

Documentação necessária para a emissão de green bonds

Existe uma série de documentações necessárias para que se possa emitir títulos verdes. Veja algumas delas abaixo:

  • Avaliação e nota de risco de crédito por agências independentes;
  • Second opinion (opinião sobre o projeto dizendo se ele é elegível ou não, e se tem mesmo características verdes);
  • Critérios e/ou referência adotada para classificar os projetos verdes;
  • Descrição do destino dos recursos dos títulos verdes;
  • Características e/ou benefícios ambientais dos projetos selecionados, incluindo os indicadores e métricas que serão utilizados na monitoração do desempenho.

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