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Inflação nos EUA, juros no Brasil: veja os destaques do relatório macroeconômico

Equipe econômica do C6 Bank divulga relatório semanal do cenário macroeconômico.

Atualizado em

Parte das bancadas do escritório do C6 Bank para ilustrar o relatório macroeconômico
Veja relatório semanal da equipe econômica do C6 Bank

A equipe econômica do C6 Bank divulgou nesta sexta-feira (10) mais uma edição do seu relatório macroeconômico semanal. A seguir, os principais destaques. E, logo abaixo, você vê a íntegra do documento.

EUA

  • A inflação segue alta para os padrões norte-americanos.
  • O mercado de trabalho está aquecido, e as empresas já encontram dificuldades em contratar funcionários.
  • O Congresso facilitou a elevação do teto de endividamento, o que facilita a rolagem da dívida de curto prazo.

Zona do Euro

Todas as atenções estão voltadas para o avanço do covid-19 na região. O crescimento de casos leva a restrições de circulação e desaceleram a economia.

China

O Banco Central chinês facilitou a concessão de crédito, ao mesmo tempo em que o governo sinalizou para a necessidade de medidas para expandir a demanda doméstica da segunda maior economia do mundo.

Brasil

  • Inflação oficial de 2023 já aparece acima da meta do Banco Central, segundo a última edição do Boletim Focus.
  • As vendas do comércio perderam força e caíram em outubro, segundo o IBGE.
  • PEC dos Precatórios avança no Congresso.
  • Inflaçao medida pelo IPCA veio abaixo do esperado, e fechou novembro em 0,95%.
  • O Copom elevou a Selic para 9,25% ao ano, e já anunciou nova alta de 1,5 ponto percentual dos juros na reunião marcada para 1º e 2 de fevereiro.

Veja a íntegra do relatório semanal.

Pressões inflacionárias persistem

Internacional

Estados Unidos: inflação segue forte

A inflação ao consumidor (medida pelo índice CPI) subiu 0,8% em novembro. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 6,8%. O núcleo do CPI (exclui alimentos e energia) registrou alta de 0,5% no mês e 4,9% em 12 meses. O avanço generalizado de preços reforça o diagnóstico de que a inflação pode ser mais persistente do que o esperado.

O mercado de trabalho segue aquecido. O número de vagas de emprego em aberto alcançou 11 milhões em outubro, de acordo com dados do relatório “Job Openings and Labor Turnover Survey” (Jolts), ficando próximo ao recorde da série alcançado em julho deste ano. A taxa de pedidos de demissão segue elevada. Ambos indicadores sugerem uma crescente dificuldade das empresas em contratar funcionários.

Os pedidos de seguro-desemprego diminuíram em 43 mil, para o patamar de 184 mil pedidos, na semana encerrada em 4 dezembro, segundo o Departamento do Trabalho. Este é o menor nível da série desde 1969 e mais um indicador a corroborar a escassez de trabalhadores.

A Câmara e o Senado dos EUA aprovaram uma medida que permitirá aos democratas elevar o teto da dívida do governo, por uma vez, com maioria simples dos votos no Senado. Portanto, os riscos de uma possível dificuldade na rolagem da dívida no curto prazo foram praticamente eliminados.

Zona do Euro: disseminação da covid-19 aumenta restrições

A preocupação quanto a um aumento do número de casos de covid-19 continua na região. Medidas restritivas estão sendo adotadas. Alemanha e Áustria, que anunciaram medidas mais severas há poucas semanas, apresentam redução no número de casos. França, Itália, Espanha e Reino Unido estão com tendência de alta no número de infectados, apesar de as hospitalizações ainda estarem em níveis moderados.

A confiança dos investidores, medida pelo índice Sentix, diminuiu em 4,8 pontos, para 13,5 em dezembro. O motivo é a piora no indicador que mede a percepção da situação atual.

Na Alemanha, dados de outubro indicam melhora da atividade frente ao mês anterior. A produção industrial surpreendeu positivamente subindo 2,8%. A alta sugere que os gargalos na cadeia de produção podem estar diminuindo. Houve aumento na produção de veículos, que ainda permanece abaixo do nível pré-pandemia. Os pedidos à indústria tiveram queda de 6,9%, mas continuam elevados e acima da produção industrial, garantindo espaço para que a indústria continue avançando. A balança comercial surpreendeu positivamente. As exportações cresceram 4,1% e as importações 5,0%, ambas com ajuste sazonal, em linha com crescimento da indústria.

China: governo sinaliza apoio ao crescimento

O governo sinalizou apoio ao crescimento da economia em 2022, enfatizando estabilidade e necessidade de medidas para expansão da demanda doméstica. Por sua vez, o banco central chinês (PBoC na sigla em inglês) anunciou um corte na taxa do compulsório bancário em 50 pontos-base, reduzindo a média ponderada das taxas de instituições financeiras de 8,9% para 8,4%. A medida, que entra em vigor em 15 dezembro, aumenta a liquidez de longo prazo das instituições financeiras em RMB 1,2 trilhão (US$ 188 bilhões) e deve reduzir custos de financiamento da economia. O PBoC reiterou que a orientação de política monetária permanece prudente e não pretende adotar estímulos significativos.

O fluxo de crédito agregado foi de RMB 2,6 trilhões em novembro, ficando acima do mês anterior, porém abaixo das expectativas. Houve aumento na emissão de títulos do governo e de empresas, mas os empréstimos de médio e longo prazo permaneceram fracos.

A balança comercial de novembro veio sólida. As exportações e importações foram melhores do que o esperado e subiram 22% e 31,7%, respectivamente, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A composição do índice aponta um aumento do fluxo comercial com países emergentes da Ásia, sinalizando um alívio ainda que inicial de restrições impostas pela pandemia.

A inflação ao consumidor acelerou na margem. O índice passou de 1,5% nos últimos 12 meses até outubro para 2,3% em novembro, impactado principalmente pela alta nos preços de energia e alimentos. O núcleo da inflação registrou leve aumento de 1,2% no mesmo período, uma desaceleração em relação à divulgação anterior.

Brasil

Pesquisa Focus: inflação de 2023 acima da meta

A projeção para o IPCA subiu de 10,15% para 10,18% em 2021, de 5% para 5,02% em 2022, e de 3,42% para 3,5% em 2023. Já os números esperados para o PIB registraram queda para 2021 (de 4,78% para 4,71%) e para 2022 (de 0,58% para 0,51%). A taxa Selic permaneceu estável para este ano (9,25%) e para o ano que vem (11,25%).

Atividade: crescimento menor

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), as vendas no varejo ampliadas – que incluem veículos e construção civil – contraíram 0,9% em outubro na comparação com o mês anterior, surpreendendo negativamente. Houve retração na margem em 7 das 10 séries que compõem esse indicador.

Fiscal: PEC dos precatórios é promulgada parcialmente no Congresso

O Congresso Nacional promulgou a PEC dos Precatórios (PEC 23/2021) de forma parcial. O texto altera a regra de indexação do teto de gastos. O Ministério da Economia estima que o espaço fiscal adicional aberto com esta medida seja de R$ 62bi. Entretanto, R$43bi já seriam consumidos por gastos obrigatórios, como despesas com previdência, saúde e educação. O limite para pagamento dos precatórios (que abriria espaço fiscal adicional de aproximadamente R$44bi) ainda depende de votação na Câmara.

Inflação: IPCA abaixo do esperado, mas surpresa foi pontual

O IPCA de novembro veio abaixo do esperado, registrando alta de 0,95%. A surpresa foi a forte queda em produtos de higiene pessoal como perfumes e maquiagem. A inflação corrente segue elevada e atingiu novo pico na variação em 12 meses, subindo de 10,67% para 10,74%. Apesar do alto desemprego, vemos os preços dos serviços à frente pressionados em função da alta inflação corrente que afeta os preços via inércia inflacionária. Os bens industriais devem seguir pressionados – o núcleo do IPA industrial segue alto no curto prazo.

O IGP-DI recuou 0,58% em novembro, abaixo do esperado, que era de queda de 0,51%. A composição dos índices de atacado apresentou comportamento heterogêneo: o IPA agrícola caiu 1,71% enquanto o núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – seguiu pressionado (alta de 2,08%).

Política monetária: Copom mantém plano de voo

O Banco Central do Brasil (BCB) elevou a taxa Selic nesta quarta-feira de 7,75% para 9,25%. Adicionalmente, sinalizou que deverá fazer um novo ajuste de 150 pontos base na próxima reunião, que acontecerá nos dias 1 e 2 de fevereiro, mas enfatizou que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas.

O Copom considerou que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. De fato, as projeções da Pesquisa Focus encontram-se acima das metas tanto em 2022 (5,02% versus 3,5%) quanto em 2023 (3,5% versus 3,25%).

Aguardamos a ata da reunião, que será divulgada na próxima terça (14/12), para termos mais detalhes sobre os rumos futuros da política monetária.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

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