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O que é IPO: entenda como funciona e se vale a pena investir em um

O IPO é o processo que consolida a abertura do capital de uma empresa, podendo trazer diversos benefícios para ela e para investidores

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homem branco em meio a escadas azuis, transmitindo uma imagem de ascensão e representando o que é IPO

Uma Oferta Pública Inicial de ações, também conhecida como IPO, em sua sigla em inglês, é um processo muito importante, tanto para a empresa que o faz quanto para o mercado em si. Além de representar um passo importante na trajetória da companhia — a abertura de seu capital para negociações na Bolsa de Valores —, os IPOs também trazem novas ideias ao setor, além de ajudarem no financiamento de iniciativas inovadoras.

Entender o que é e como funciona um IPO é importante para qualquer investidor, independentemente de perfil ou experiência. Pensando nisso, o C6 Bank preparou este texto para responder a todas as principais questões relacionadas ao tema. Neste post, você aprenderá:

  • O que é IPO na prática?
  • Por que as empresas fazem IPO? Qual a importância?
  • Todas as empresas podem fazer um IPO?
  • Como funciona o IPO: conheça todas as etapas
  • Afinal, vale a pena investir em um IPO?

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O que é IPO na prática?

IPO, sigla para Initial Public Offer, é o nome dado ao processo que consolida uma empresa como de capital aberto, ou seja, com ações negociadas em Bolsa. Após essa operação, investidores terão a possibilidade se tornarem sócios ou acionistas da companhia, por meio da compra de seus papéis.

Além disso, a estrutura organizacional e o posicionamento estratégico do negócio sofrem alterações, representando uma nova fase cultural para o negócio em questão. Após o IPO, torna-se necessário atender a exigências de governança corporativa mais robustas, por exemplo.

Na definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “a governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.

Na B3, a governança corporativa de uma empresa é medida em níveis:

  • Bovespa Mais;
  • Bovespa Mais Nível 2;
  • Nível 1;
  • Nível 2; e
  • Novo Mercado, o mais elevado nível de governança.

Adicionalmente, o IPO influencia até a própria perpetuidade dos negócios, pois a abertura de capital ajuda a profissionalizar a gestão e facilita processos sucessórios e de perenidade da companhia. Por fim, vale notar o aumento considerável de visibilidade que a empresa vivencia, haja vista que o IPO tende a colocar a companhia em evidência no mercado.

Por que as empresas fazem IPO? Qual a importância?

O principal objetivo de um IPO é facilitar o financiamento de projetos de investimento.Muitas corporações enfrentam dificuldades na hora de expandir seus negócios em função da falta de recursos financeiros. Com os recursos angariados a partir do IPO, a empresa que faz a abertura de capital fica mais capaz de investir em projetos inovadores e de maior potencial de desenvolvimento.

Além disso, a captação de recursos por esse meio também tira do empreendimento a obrigação de pagamento periódico de juros ou amortização de principal. Também facilita o acesso ao mercado de maneira mais recorrente através de ofertas subsequentes, que permitem novas captações.

Há também vantagens mais específicas, como a facilitação em processos de fusão, já que a companhia passa a poder usar suas próprias ações como instrumento de aquisição, ao invés de precisar fazer uso de recursos em caixa.

Por fim, é válido notar a liquidez para empreendedores, sócios e investidores estratégicos. Isso porque empresas listadas na Bolsa conseguem vender papéis de acionistas em mercado, o que torna viável o desinvestimento de fundos de private equity e venture capital.

Contudo, há uma série de questões essenciais que devem ser devidamente pesadas antes da efetuação desse procedimento. Uma empresa listada precisa, por exemplo, divulgar uma série de informações financeiras e gerenciais, além de ter sua autonomia partilhada entre vários acionistas, uma maior exposição à mídia, entre outros pontos.

Todas as empresas podem fazer um IPO?

Não. Para realizar um IPO e fazer a abertura do capital, a empresa precisa cumprir as exigências legais e institucionais estabelecidas pela Lei das S/A, a Lei n° 6.406/76, além de realizar registro de Categoria A na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a adesão a um dos segmentos de listagem da B3.

Os principais requisitos são:

  • Ser Sociedade Anônima (S/A);
  • Ter três anos de demonstrações financeiras auditadas por auditor independente registrado na CVM (ou desde o início, para empresas com menos de 3 anos);
  • Designar diretor de RI estatuário;
  • Ter Conselho de Administração;
  • Identificar eventual segmento de listagem e fazer o pedido de listagem e admissão à negociação na B3;
  • Realizar oferta pública de distribuição de valores mobiliários registrada ou dispensada de registro pela CVM;
  • Requerimentos específicos do segmento de listagem escolhido.

Como funciona?

O processo de abertura do capital de uma empresa é bastante complexo, podendo levar meses para ser concluído. Ele é composto de diversas fases, cada uma com diferentes objetivos – e iremos explicar cada uma delas de forma aprofundada nos tópicos a seguir.

Antes disso, no entanto, vamos falar sobre as formas de fazer um IPO. Ele pode ser realizado de três maneiras: oferta primária, secundária e mista.

Oferta primária

É o modo mais comum de realizar um IPO. Nesse formato, a empresa coloca pedaços dela mesma no mercado, e a própria corporação os vende. O valor arrecadado com a venda das novas ações é, então, revertido para a realização de investimentos e execução de seus planos.

É um tipo de oferta que gera aumento de capital e, por conta disso, pode ser utilizado por empresas de capital já aberto para angariar recursos. Nesse caso, o aumento ocorre por meio da subscrição dos sócios.

Isso significa que sócios que já tinham ações da empresa poderão fazer novo aporte de acordo com sua posição acionária, recebendo ações novas, inexistentes e não negociadas até então.

Oferta secundária

Nessa modalidade, não são emitidas novas ações. A venda, nesse caso, é feita a partir de acionistas já existentes e controladores, que apenas transferem suas ações para outros investidores, para quem os recursos financeiros resultantes são direcionados. Ou seja: esse tipo de oferta não gera caixa para a empresa nem modifica o capital social.

Apesar de geralmente acontecer posteriormente ao IPO, também pode ser feito na própria oferta inicial.

Oferta mista

Nesse caso, parte dos valores ofertados provêm de uma nova emissão da empresa, enquanto outra parte decorre de ações já existentes. Os recursos captados, portanto, são divididos entre empresa e acionistas.

Definido o tipo de oferta a ser feita, aí sim começam os procedimentos que levarão à primeira oferta pública. É uma jornada longa e complexa mas, fundamentalmente, pode ser compartimentada 4 fases.

Preparação para a abertura de capital

Nesta primeira fase, o foco é o planejamento. Nela, a empresa deve fazer uma análise da conveniência da abertura do capital, discuti-la com estruturadores e preparar a companhia em termos de governança e cultura.

Só depois desses primeiros passos é possível começar a testar o mercado, definir o grupo de trabalho, a estratégia da oferta, o segmento de listagem da empresa, a estruturação da área de RI, a confecção de políticas e códigos e a criação de comitês, sejam eles estatuários ou não.

Embora todas sejam importantes, essa primeira fase se destaca ainda mais por pavimentar o caminho para as seguintes: a falta de um bom planejamento pode ter impactos negativos em todo o processo de construção do IPO, atrasando ou até mesmo inviabilizando a sua conclusão, em alguns casos.

Preparação da documentação e registro do emissor e da oferta

Após desenhar o planejamento que levará até o IPO, é preciso cuidar da burocracia. Nesta etapa, a empresa irá fazer registro perante a CVM como companhia aberta, e talvez precise registrar também a oferta nessa autarquia.

Além disso, são necessários diversos documentos: formulário de referência, estatuto social, acordo de acionistas, formulário cadastral, demonstrações financeiras auditadas, ITR e DFP, prospecto, contrato de distribuição, anúncios e avisos aplicáveis e demais contratos.

Busca por investidores, bookbuilding e início das negociações

É o marketing que antecipa o IPO. Essa busca é feita em diferentes momentos e de diferentes formas: no Pilot Fishing, o objetivo é engajar investidores relevantes, testar a tese de investimento e coletar feedbacks.

Já o Investor Education foca em avaliar o nível de interesse dos investidores, enquanto o Roadshow almeja gerar demanda para a oferta e converter engajamento em ordens de compra.

No bookbuilding, por fim, determina-se o preço de lançamento de um IPO, com base na demanda e preço que os investidores institucionais estão dispostos a pagar pelo ativo.

Período de silêncio

Basicamente, o período de silêncio é um período de 60 dias em que a empresa, administradores e participantes da oferta não se manifestam, a fim de assegurar tratamento equitativo na divulgação de informações sobre o ofertante e evitar que potenciais investidores sejam estimulados a aderir à oferta por meios que não o do prospecto dela.

Após esse período o IPO é finalmente feito, e a partir de então a empresa passa a existir sob as normas do capital aberto.

Afinal, vale a pena investir em um IPO?

Essa é uma pergunta que muitas pessoas podem se fazer, especialmente quando alguma empresa da qual gostam ou são clientes decide fazer a abertura de capital. No papel, o IPO pode parecer um investimento sólido – afinal, uma série de analistas provavelmente já terá desenhado uma perspectiva de grande crescimento, a essa altura.

No entanto, a verdade é que esse tipo de aplicação deve ser pensado com cuidado: há vantagens e desvantagens que devem ser levadas em consideração antes de você tomar qualquer decisão.

Vantagens de investir em um IPO

O grande potencial de investir em uma oferta pública inicial diz respeito exatamente à sua possibilidade de crescimento. Muitos investidores pensam que, no médio e longo prazo, a tendência é que os papéis da empresa que abriu seu capital se valorizem fortemente, o que trará lucro para quem comprá-los cedo, mais baratos. Esse pensamento é ainda mais reforçado pelo fato de que, frequentemente, os preços das ações podem começar mais baixos, a fim de atrair novos investidores.

Também é válido notar que esse tipo de investimento pode significar um acesso aos dividendos da empresa, tornando-o ainda mais atrativo do ponto de vista da rentabilidade.

Algumas desvantagens desse tipo de investimento

O principal ponto a ser levado em consideração é que, como mencionamos no tópico anterior, a valorização dos papéis é uma possibilidade – e apenas isso, não uma certeza. Pelo contrário, pode ser que o primeiro dia apresente uma natural alta, mas que ao longo das semanas seguintes esse ânimo do mercado vá se amenizando, o que talvez signifique um prejuízo para os primeiros investidores.

A melhor forma de se prevenir contra esse tipo de situação é se informando bastante sobre a empresa que está vendendo os papéis:

  • Como funciona o negócio;
  • As expectativas do mercado;
  • Os planos da companhia para o dinheiro que será captado;
  • As estratégias a serem adotadas.

Além desses, leve em consideração outros aspectos que permitam que você adquira segurança no investimento que está fazendo.

Por isso, quem decide se vale a pena ou não investir em um IPO é você. Nossa recomendação é apenas de que essa escolha seja feita com bastante cuidado – da mesma forma que deve ser feita qualquer decisão importante, especialmente quando envolve o seu dinheiro.

Esperamos ter conseguido deixar claro o conceito de IPO, quais empresas podem fazê-lo, bem como o funcionamento e fases desse processo e as possíveis vantagens e desvantagens de investir em um. Quer ler outros textos sobre renda variável? Separe alguns minutos para ler esses que preparamos:

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