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O que são dividendos e como ganhar dinheiro com eles?

Dividendos são uma parcela do lucro líquido de uma empresa à qual os acionistas têm direito; reinvesti-los para gerar renda pode ser uma boa estratégia

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mulher branca mexendo em uma calculadora e escrevendo em um bloco de notas enquanto está sentada em frente um computador, aprendendo o que são dividendos.

Você sabe o que são dividendos? Toda pessoa que se dedica a entender e estudar o mercado financeiro eventualmente irá se deparar com esse conceito. O termo, que se refere a um tipo de remuneração para acionistas, é uma alternativa muito atraente para quem deseja viver de renda passiva, tendo sido utilizada por grandes mestres dos investimentos para criarem suas fortunas.

No decorrer do post a seguir, explicaremos de forma detalhada o que são dividendos. Além disso, abordaremos uma série de outros tópicos, de acordo com a lista a seguir:

  • O que são dividendos?
  • Quais empresas pagam dividendos?
  • Como os dividendos funcionam e impactam seu bolso?
  • Como viver de dividendos? Afinal, é possível?
  • Dicas para montar uma carteira de dividendos?
  • É possível saber o quanto vai receber de dividendos?

Está estudando o universo dos investimentos? Aproveite para conhecer outros conceitos importantes:

O que são dividendos?

Por definição, os dividendos são uma parcela do lucro líquido de uma empresa que é distribuída periodicamente entre seus acionistas detentores de papéis listados na Bolsa de Valores, ou entre os cotistas de fundos imobiliários. É uma forma de remuneração utilizada por sociedades anônimas (S/A) para recompensar membros que, através de seus investimentos, auxiliaram de forma direta ou indireta no crescimento da empresa.

O Prof. Liao, head de educação financeira do C6 Bank, ajuda a fazer essa definição usando um exemplo prático: “assim como um sócio de uma padaria embolsa parte do lucro da empresa, quem é sócio de uma companhia listada na Bolsa também pode ser remunerado. Esse pedacinho do lucro líquido que uma empresa distribui para os seus acionistas se chama dividendo”.

Comumente, é dito que há uma distribuição mínima obrigatória de pelo menos 25% dos lucros, entre os acionistas. No entanto, isso não o caso: não existe nenhuma legislação que determine esse percentual.

Na verdade, a Lei das S/A (n° 6.404), no parágrafo 1° de seu 202° artigo, define que “os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto”. Se tal estatuto não contar com essa informação, a companhia usa, então, 50% de seu lucro líquido ajustado como forma de remuneração aos sócios. De forma geral, todavia, a maioria das empresas adota o percentual de 25% – vale apenas lembrar que ele não é obrigatório, e pode haver diferenças caso a caso.

Um ponto muito importante no que diz respeito ao valor dos dividendos para os investidores é que eles não sofrem isenção do Imposto de Renda, haja vista que a companhia já é tributada em suas operações. Na prática, isso significa que, se você se torna acionista de uma empresa consolidada e que não apresenta grandes oscilações, é possível contar com uma renda periódica, estável e que não é tributada.

Muitos megainvestidores dominam o entendimento de dividendos e utilizam tal conhecimento a seu favor. Luiz Barsi, por exemplo, é um bilionário brasileiro conhecido como “Rei dos Dividendos”.

Em entrevista, o investidor, que conta com décadas de experiência, já declarou que não dá valor algum ao patrimônio: “o que te alimenta é o dividendo, a renda que esse patrimônio gera, e é para isso que eu olho. O meu DNA é dividendo”. Barsi ainda afirma ter recebido, em 2021, mais de R$ 300 milhões em dividendos.

Tipos de dividendos de ações

Agora que despertamos seu interesse nos dividendos, é importante conhecer suas características de forma mais específica. Neste ponto, falaremos sobre os tipos de pagamento que podem ser utilizados nessa modalidade de provento:

  • Dividendos por bonificação com ações: nessa modalidade, a empresa converte o lucro em papéis, distribuídos entre os acionistas de forma proporcional ao número de ações que eles já têm;
  • Pagamento em dinheiro: um dos tipos mais populares, em que os sócios recebem sua parcela dos dividendos diretamente na conta, como dinheiro. É muito recomendado reinvestir essa quantia em novas ações da companhia, chegando a um ponto em que você consegue financiar seus aportes apenas com os próprios lucros, sem despender dinheiro;
  • Juros sobre capital próprio: categoria descontada antes do lucro líquido, mas que, diferentemente das outras, sofre com isenção do Imposto de Renda.

Há outros dois tipos dignos de nota, embora sejam menos frequentemente utilizados: os dividendos especiais, que representam pontos fora da curva na periodicidade dos proventos – venda parcial do negócio ou grande aumento de caixa, por exemplo, e podem gerar uma distribuição extraordinária entre os sócios; e o direito de subscrição, que diz respeito a uma preferência dada pela empresa aos acionistas na compra de novos papéis, quando houver novas negociações.

Quais empresas pagam dividendos?

A já mencionada Lei das S/A define que toda empresa listada na Bolsa precisa pagar dividendos, caso obtenha lucro. No entanto, não é necessário que uma empresa tenha capital aberto para fazer a distribuição desses proventos – a diferença nesse caso é basicamente a quantidade de pessoas entre as quais o dinheiro será dividido, considerando que empresas de capital fechado costumam ter menos sócios.

Adicionalmente, vale notar que, para companhias não listadas, essa obrigação não existe. Elas podem simplesmente reverter os lucros  em novos investimentos no negócio, aumentando a capacidade produtiva em busca de um superávit ainda mais robusto.

Por fim, tenha em mente que essa obrigatoriedade diz respeito ao cenário brasileiro, não necessariamente refletindo as regras observadas mundo afora. A Amazon, por exemplo, nunca distribuiu dividendos para os seus acionistas – isso porque, nos Estados Unidos, as empresas podem escolher entre pagar ou não essa remuneração.

Os dividendos mais comuns, no entanto, são aqueles de empresas sólidas, que figuram entre as maiores de seus setores de mercado. Isso porque, para elas, é possível abrir mão de parte de seus lucros para a distribuição, enquanto empresas em crescimento apresentam necessidade muito maior de reinvestir lucros no próprio negócio.

Considerando que o interesse de quem trabalha com dividendos é criar uma fonte de renda passiva, isso torna as companhias mais consolidadas também as mais procuradas quando o assunto é buscar boas pagadoras de proventos.

Dois setores historicamente reconhecidos nesse ponto são o setor elétrico e o setor bancário, pois se referem a serviços essenciais, usados por praticamente toda a população. Ou seja: sua demanda dificilmente irá cair, o que torna a rentabilidade na teoriamais estável.

Empresas que pagam os melhores dividendos em 2022

Uma empresa é considerada boa pagadora de dividendos quando apresenta um alto Dividend Yield (DY), expressão inglesa que pode ser traduzida como “rendimento do dividendo”. Confira na tabela a seguir 9 das empresas e suas respectivas ações que mais estão se destacando nesse aspecto, em 2022:

EmpresaTickerDY (%)
BradesparBRAP431,25
PetrobrasPETR326,44
PetrobrasPETR423,95
BraskemBRKM521,01
MarfrigMRFG320,55
Metalúrgica GerdauGOAU419,82
CSN MineraçãoCMIN319,25
EDP BrasilENBR317,97
ValeVALE316,27
QualicorpQUAL312,31

Para calcular o Dividend Yield de uma empresa, basta dividir os dividendos pagos nos últimos 12 meses pela cotação dos papéis da empresa. Por exemplo: se uma companhia pagou, ao longo do último ano, R$ 4 de dividendos, e sua ação unitária custa R$ 16, o seu DY será expresso pela operação 4 / 16 = 0,25 = 25%. Ou seja: o rendimento do dividendo foi de 25%, o que colocaria essa empresa fictícia em um nível próximo ao da Petrobras, em 2022.

Como os dividendos funcionam e impactam seu bolso?

Como mencionamos anteriormente, os dividendos costumam representar, na maioria dos casos, 25% do lucro líquido de uma determinada empresa. Esse pagamento é feito de forma periódica – geralmente trimestral, mas pode ser semestral, anual ou até mesmo mensal –, o que torna possível adotá-los como uma fonte de renda relativamente estável.

Uma parte muito importante do funcionamento dos dividendos diz respeito a três datas que devem ser levadas em consideração. É o caso das datas de declaração ou aprovação, bem como da ex, que permitem ao investidor saber se ele terá direito a algum provento da empresa ou não. Além delas, há também a autoexplicativa data de pagamentos. Compreenda melhor do que se trata cada uma delas a seguir.

Data de declaração

Refere-se à data em que o Conselho de Administração da empresa em questão anuncia a quantia a ser paga em dividendos, para cada ação adquirida. Além disso, também são divulgadas as datas ex e de pagamento.

Data ex

É a data na qual uma ação deixa de ser elegível para o recebimento de dividendos. Em outras palavras, se você adquiriu papéis após a data ex definida no estatuto de uma empresa, todas as ações que você comprar posteriormente não renderão proventos naquele período.

Data de pagamento

A data aguardada pelos investidores. Diz respeito ao momento em que, de fato, é fornecida a bonificação aos acionistas que adquiriram papéis antes da data ex.

É necessário ter muita atenção a todas essas datas, pois elas podem influenciar diretamente o planejamento do investidor – especialmente considerando que irão variar de empresa para empresa. O mais recomendado, nesse caso, é manter uma agenda de dividendos, com as datas relativas a todas as companhias nas quais você investe.

Como viver de dividendos? Afinal, é possível?

Sim, é possível. O investidor Luiz Barsi, a quem nos referimos anteriormente no texto, é um exemplo vivo de como fazer isso: tendo sido engraxate aos 7 anos e vendedor de balas não muito tempo depois, aos 14 ele começou a trabalhar em uma corretora de valores, o que ajudou a semear um interesse pelo universo dos investimentos.

Na década de 70, então, Barsi criou o método que o levaria a construir sua fortuna: a carteira previdenciária de ações. Basicamente, o economista se propôs a comprar mil ações de uma mesma empresa, todos os meses, durante 30 anos. A ideia era que, depois de apenas oito meses, os dividendos recebidos seriam suficientes para fazer reinvestimentos, deixando de ser necessário tirar dinheiro do bolso.

Segundo ele, depois de 10 anos de muita paciência e disciplina, ele já tinha sua aposentadoria garantida. Mas Barsi não parou por aí, e seguiu seu método até se tornar parte do seleto grupo de bilionários brasileiros.

Ele é um caso excepcional, mas seus ensinamentos podem ser adotados por inúmeras pessoas. Se seu objetivo é viver de renda passiva, a paciência e disciplina mencionadas por ele são virtudes essenciais para os seus investimentos. O Prof. Liao, em vídeo sobre erros de quem começa a investir, reforça a dica: “para investir e ver o retorno do investimento, você precisa ter paciência. Investimento não é Mega-Sena, não é ficar rico da noite para o dia”.

Pode não parecer, mas essa é uma mentalidade que muitas pessoas ainda não adotam: segundo pesquisa C6 Bank/Ipec, 4 a cada 10 brasileiros acreditam que é possível ganhar muito dinheiro em pouco tempo. Além disso, mais de um terço do público investidor concorda que é possível fazer apostas de curto prazo na Bolsa baseadas em intuição e sorte. Não se deixe enganar: esse tipo de prática é jogar dinheiro fora, e as chances de resultar em prejuízo são muito altas.

É importante, portanto, ter uma mentalidade de longo prazo, bem como estratégias adequadas aos seus objetivos – independentemente do seu perfil de investidor. Todo esse processo fica muito mais complicado quando você não tem metas e prazos bem definidos.

Na série de vídeos “E agora, Prof.?”, disponível no nosso canal do YouTube, Liao também explica, na ponta do lápis, como é possível obter uma renda passiva mensal de R$ 5.000, apenas investindo com sabedoria e disciplina em ações que pagam dividendos.

Você pode conferir todos os cálculos feitos pelo professor no vídeo completo, em que ele simula uma situação formulada por um seguidor de 32 anos, e que deseja se aposentar aos 45 com essa renda.

De forma resumida, no entanto, Liao mostra que, caso esse investidor tenha montado uma carteira bem diversificada, com empresas sólidas e que historicamente pagam bons dividendos, isso é possível: pensando em uma carteira com Dividend Yield médio de 6% ao ano, acima da inflação, para que esse seguidor consiga sua renda média desejada de R$ 5.000 por mês no futuro seria necessário investir R$ 4.371 mensais.

Considerando que essa é uma simulação pensada a partir de um período de 13 anos, fica ainda mais claro que, quanto mais de longo prazo for a sua mentalidade, menor é a quantidade que você precisa investir e maiores são os resultados possíveis de se obter.

No entanto, caso seja possível investir quantidades ainda maiores, também há uma tendência a aumentar a renda passiva que você terá no futuro – e reinvestindo seus dividendos, isso é perfeitamente possível, como comprovado por Luiz Barsi e muitos outros investidores.

Dicas para montar uma carteira de dividendos

Agora que você está entendendo melhor as vantagens características dos dividendos, é possível que tenha ficado interessado em investir em boas pagadoras desse investimento. Por isso, daremos a seguir uma série dicas que podem ser utilizadas para tornar a sua experiência mais proveitosa.

O primeiro ponto é entender que não é indicado comprar ações de apenas uma única empresa. A diversificação é um conceito essencial no que diz respeito a investimentos, e isso também vale para os dividendos. Ser proprietário de papéis de diferentes empresas pode ajudar a diluir riscos, além de potencializarem retornos, considerando que você fica exposto a diferentes rentabilidades.

Essa diversificação não deve se restringir às empresas escolhidas, também: além das ações, é interessante aplicar também em produtos de menor risco, ou de risco moderado, como títulos públicos ou fundos imobiliários, pelo mesmo propósito de diluição de riscos mencionado no parágrafo anterior.

A escolha dessas companhias, no entanto, deve ser feita com bastante cuidado. Fatores como o Dividend Yield, a porcentagem dos lucros paga em dividendos (payout), o preço unitário de cada ação, a frequência dos pagamentos, além de fatores mais abrangentes, como a saúde financeira da empresa dona das ações e seu nível de governança corporativa, por exemplo, devem ser levados em consideração – afinal, ninguém quer correr o risco de ser vítima de uma fraude ou de não receber o pagamento devido.

Por fim, mais uma dica: já pensou em investir pelo C6 Bank? Nossa plataforma de investimentos, o C6 Invest, tem uma variedade de opções para quem deseja começar a fazer seus aportes – entre elas, um grande leque de ações. Você pode adquiri-las dentro do nosso app, através de apenas alguns toques:

  1. Na página inicial do nosso app, toque em “C6 Invest”;
  2. No menu “Self-service”, selecione “Renda variável”;
  3. Nessa página, você conseguirá ver, à esquerda, o ticker das ações disponíveis;
  4. Após decidir qual papel deseja comprar, bem como a quantidade e se será ordinário ou preferencial, é só confirmar a aquisição. Ao clicar para comprar, é possível conferir todas as taxas cobradas na transação: a taxa da B3 e a taxa de corretagem, que no C6 Bank é zero;
  5. Por fim, basta enviar a sua ordem de compra para a bolsa. Quando outra pessoa concordar em vender suas ações pelas condições que você propôs, a ordem é executada e a ação entra para a sua carteira.

Simples, não? Se as ações foram adquiridas antes da data ex, pode ficar tranquilo: é só esperar pelo recebimento de seus dividendos.

É possível saber o quanto vai receber de dividendos?

Sim. Isso pode ser feito tanto através de plataformas específicas quanto por meio de um cálculo manual básico. O cálculo é bastante simples: basta multiplicar a quantidade de ações compradas pelo dividendo anual de cada um desses papéis.

Um exemplo: se um acionista compra 200 ações de uma determinada empresa, com um dividendo anual de R$ 30 por ação, é fácil deduzir que o valor a ser recebido em proventos será de R$ 6.000.

No entanto, dificilmente você terá ações de uma única empresa na sua carteira, e nem sempre as adquirirá em números exatos, também. Isso pode tornar o método manual de cálculo consideravelmente mais complicado – felizmente, existem formas de consultar esses dados sem nenhum tipo de complicação.

O maior exemplo é o Canal Eletrônico do Investidor (CEI), uma plataforma criada pela B3 para auxiliar investidores através da disponibilização de diversas informações, como por exemplo:

  • Carteira de ativos de renda variável;
  • Derivativos do investidor;
  • Extratos dos investimentos por instituição;
  • Títulos do Tesouro Direto; e
  • Proventos provisionados e pagos.

Para o assunto deste tópico, o último item é o mais importante. Isso porque é o que se refere aos dividendos aos quais o investidor tem direito e que receberá no futuro, bem como aos que já foram creditados e pagos.

Para acessar a plataforma e consultar as quantias que você receberá em função desses investimentos, basta acessar o CEI e informar seu CPF e senha.

Adicionalmente, vale notar que também é possível consultar os dividendos a serem recebidos por meio da corretora de valores.

Chegamos ao final deste texto. Esperamos que, depois de ler esse conteúdo, você esteja mais familiarizado com o conceito de dividendos, bem como seu funcionamento, como investir para viver deles, as empresas com os melhores dividendos e até dicas para montar sua carteira.

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